"Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária." C. Linspector

sábado, 25 de setembro de 2010

Cola e fita.

"Você é um homem bom. Você é bonito, gentil, inteligente e bom... Você é perfeito. Mas eu estou ocupada, juntando eu mesma com fita e cola. E um pedaço de mim queria que você não tivesse jogado golfe porque estaria todo colado também, e talvez estivesse onde eu estou. Você é demais pra mim nesse momento, porque estou ocupada com cola e fita." Miranda Bailey (Grey's Anatomy, 7.01)


É, essa sou eu. Essa sou eu desde 11 de abril de 2008. Essa sou eu desde que minha mãe se foi - acho que até antes disso. Desde então não estou mais ao lado de quem eu amo, apareço e desapareço. Desde então não consegui manter nenhum relacionamento, fugi de todos. Desde então não me reconheço. Desde então tem um grito dentro de mim, unhas, lágrimas presas em um canto qualquer. E eu não me reconheço.
Há sete meses estou em depressão. Foi quando a vida começou a voltar ao normal, as pessoas voltaram a sorrir e eu não tinha mais a desculpa de cuidar de tudo e todos pra me defender. Vácuo. 
Sou toda sorrisos, toda força. Mas aqui dentro essas unhas... A culpa e a falta de compreensão própria por essas fugas.


Essa frase grifada aí de cima é da Miranda para o pretendente que estava jogando golfe enquanto ela assistia a um massacre em seu hospital. Mas também é minha, depois de três anos cuidando da minha mãe, a perdendo, cuidando do meu pai, da casa, do meu irmão e irmã e... BAM! Quando eu deveria respirar o meu mundo caiu na cabeça, estilhaçando o que restava, o que com muito esforço conseguia manter são. A vida, que voltou a se tornar corada era exatamente o lugar no qual eu não me encaixava. E eu fugia. E a tortura de fugir era diária.


A culpa ainda existe. O grito. O distanciamento que foi criado entre mim e pessoas que amo não vai ser diminuído agora. Não vai porque exatamente agora eu percebi que mereço estar ocupada. Com cola e fita.